quarta-feira, 26 de abril de 2006

A Boca vira corinthiana

Do L! de hoje

A Boca vira corinthiana

Daniel Santini

Ângelo Lugo sorri ao ser questionado sobre camisas do Corinthians na loja em que trabalha, em frente a La Bombonera, arena do Boca Juniors. Torcedor do clube que Tevez defendeu até acertar com o Timão, ele se empolga ao falar sobre o jogo de hoje contra o River Plate, primeiro das oitavas-de-final da Libertadores, no Monumental de Nuñez.

- Monumental, não! Galinheiro! Chama-se galinheiro – ensina, referindo-se ao provocativo apelido dos rivais, alusão ao medo nas decisões.

- Carlitos tem nosso apoio, é nosso orgulho. É difícil para um argentino triunfar no Brasil. Mais difícil do que na Europa. E ele triunfou. Torcemos por ele! Pelo Mascherano, não! Ele é galinha. Seria melhor se ficasse no banco – diz, mostrando sua camisa da Gaviões da Fiel, que ganhou no ano passado, quando o Timão esteve em Buenos Aires e eliminou o River da Copa Sul-americana.

Lugo não tem camisas do Corinthians para vender (assim como todas as lojas que a reportagem visitou), mas ostenta orgulhoso a camisa da Gaviões. Pode fotografar?

- Claro! Vê como fica! – diz, antes de colocar a camisa na velha estátua de Maradona, considerado Deuas na Boca, o bairro em que fica o clube.


- Isso é sério, hein? Não é para vocês tirarem sarro. É para Carlitos – avisa, olhar atento para a câmera.

O camisa 10 do Timão é lembrado com carinho no bairro. Seu nome está por todos os lados.

- Tevez convidou a torcida para ir ao Monumental. Acho que muita gente vai. Tomara que ganhe o Corinthians! – diz Noeli Quintans – torcedora que trabalha em outra loja.

- Eu não vou, é arriscado um jogo desses. Mas pode apostar que tem muitos que vão apoiar Tevez.

É lógico que o Monumental será tomado pela torcida da casa. O River está em situação complicada no Argentino e a aposta é na Libertadores.

A venda de ingressos foi uma loucura. O Monumental vai ferver. Mas em Buenos Aires se diz que a torcida do Boca é a metade da cidade mais um. Nuñez pode até arder em vermelho e branco hoje à noite, mas, se o ditado se confirmar, no resto da cidade a maioria dos portenhos torcerá por Tevez e vestirá preto e branco.

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