quinta-feira, 8 de junho de 2006

Adeus, Fiori

Uma das mais belas transmissões da conquista do Campeonato Paulista de 1977, quando o Corinthians venceu a Ponte Preta com um gol sofrido de Basílio, pertence ao locutor esportivo Fiori Gigliotti.

"Explode o grande grito. É coração que bate, é coração que dispara. É gente que grita, é gente que chora. É gente que se abraça, é gente que desabafa. Finalmente, Corinthians Campeão Paulista de 77."

Essa nova geração de corinthianos, que nunca ficou mais de dois anos sem ver o Timão campeão, dificilmente entenderá a importância de um locutor esportivo de rádio porque ela vê pela televisão os jogos do Corinthians duas vezes por semana. Ao vivo e a cores, a expressão dos jogadores (e, na atual circunstância, a falta de vontade do elenco corinthiano), dos torcedores, do técnico. Toda a festa ou toda tragédia transmitida pela TV.

"Tudo é festa. Desabafa torcida corinthiana."

Mas quem viveu para ver o Corinthians campeão depois de quase 23 anos de fila lembra-se bem das transmissões de rádio. Quando não nos estádios, o torcedor reunia a família ao redor do rádio e imaginava. Imaginava o campo, a torcida na arquibancada, as jogadas bonitas ou feias, a alegria do atleta ou a tristeza, os erros ou acertos do juiz. E cada um imaginava como queria.

"Corinthians, Corinthians, Corinthians. Finalmente, Corinthians."

Como maestros da imaginação, estavam (e ainda estão) os locutores esportivos. Narrando de acordo com o que os olhos e o coração enxergam (daí explica-se quando a bola ainda está no meio campo e o locutor grita como se estivesse prestes a entrar no gol).

O Brasil e o futebol perderam hoje um de seus maiores maestros. Fiori Gigliotti morreu com 77 anos, depois de ser submetido a cirurgias no intestino e na próstata na semana passada. Durante toda a sua carreira cobriu dez Copas do Mundo.

Independente do time do locutor de sobrenome italiano, os Gaviões da Fiel lamentam imensamente a perda e agradecem pela voz e emoção emprestadas por Fiori durante as transmissões das partidas do Corinthians. Narrações inesquecíveis, guardadas na memória com muito carinho. Adeus, Fiori, e obrigado por gostar e viver futebol durante todos esses anos. Como nós.

Fecham-se as cortinas e termina o espetáculo.

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