segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

Azia

Quando o assunto é a presença de Kia na quadra dos Gaviões da Fiel não dá para adotar o silêncio de Chauí. A postura tem de ser parecida com a da Heloísa Helena: cobra-se coerência ou pendura-se o chapéu.

A coerência, neste caso, é não aceitar Joorabchian rindo, tomando cerveja, “sambando” e sendo reverenciado por parte da bateria e parte da torcida. Parte da diretoria então, nem se fala. Nunca quis vê-lo envolvido com o Corinthians, muito menos com os Gaviões da Fiel.

Coerência então, neste caso, é continuar a trilhar os princípios dos Gaviões: torcida organizada com uma política clara de esquerda (e que venham as pedras de quem não concorda com isso porque nem abaixar eu vou), que luta por um outro sistema no futebol. Luta que acaba refletida nas organizações sociais. Simples na teoria e complexo na prática, mas há de se ter coerência.

Mais do que muita gente que critica ou criticará os Gaviões da Fiel por tal atitude, eu posso fazê-lo porque trabalho bastante para que o caminho seja outro. Sei bem como é difícil cuidar de uma organização com esses princípios, com mais de 70 mil associados vindos das classes C,D,E da população (corinthiano, maloqueiro e sofredor, graças a deus). Só que o caminho mais fácil nunca deve ser adotado porque não é ele que traz a tal felicidade – de espírito. E, neste caso, o caminho mais fácil é tomar cerveja com o Kia, entre sorrisos e samba de um carnaval que... Bem, deixemos para uma próxima postagem a discussão sobre carnaval X torcida organizada.

Pendurar o chapéu, então, significa aí não fazer parte dessa incoerência. Abrir mão dos sonhos, optar por um caminho ainda mais difícil e preservar os poucos e bons amigos, além da admiração quase inabalável por pessoas dos Gaviões da Fiel. Quase.


Pensando muito nisso e mal conseguindo dormir.

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