terça-feira, 23 de junho de 2009

Caso Clayton - O que foi publicado - Por Roque Citadini

Tudo a declarar

Por ROQUE CITADINI

As explicações das autoridades públicas sobre o trágico episódio do choque de torcidas da última quarta-feira, no jogo Corinthians x Vasco, pouco explicam e muito confundem.

No episódio caiu morto um torcedor corinthiano e, segundo a mídia, foram presos 19 corinthianos e um vascaíno.

Tanto a Polícia, quanto o Ministério Público, afirmam que o episódio foi uma emboscada de corinthianos contra torcedores do Vasco da Gama.

Difícil entender.

Como explicar que aqueles que fizeram a emboscada estivessem em um ônibus e quatro automóveis contra os mais de quinze ônibus dos vascaínos?

Esta tal desproporção entre os que se preparam para um ataque à delegação vascaína, se fosse confirmada, mudará os manuais de guerra no mundo todo.

Não é possível que um número diminuto de torcedores procurassem encurralar ou emboscar uma legião quase vinte vezes maior.

Estranho que o corinthiano morto, há mais de 500 metros do local do choque, foi massacrado por torcedores que, depois, foram ao Pacaembu vangloriar-se do ocorrido. Igualmente estranha a manifestação das autoridades públicas no sentido de que os torcedores corinthianos não gozavam de proteção por ser, sua torcida, uma dissidência dos Gaviões da Fiel sem CNPJ ou estatuto.


Ora, com o lamentável fato de quarta-feira, ficamos sabendo que há torcidas organizadas protegidas pela Polícia e outras que a Polícia não protege.


É a mais completa confissão do fracasso da Administração Pública, diante de um evento desportivo.

Agrava tudo isto o fato de que entre os protegidos estão torcidas (com CNPJ e estatutos) que nos últimos tempos tiveram problemas com a própria Polícia.

Numa delas foi descoberto um depósito de drogas, noutra, encontrou-se um arsenal de fazer frente aos radicais do Hamas ou do exército israelense.

O melhor que faria a Administração Pública seria definir uma política de segurança para o Estado, sem conchavos com Organizadas ou dirigentes do futebol, pois o que estes querem é exatamente não mudar a atual situação.

Pior de tudo ainda é passarem a perseguir aqueles que não tomam parte em seus conchavos.

Os torcedores corinthianos da rua São Jorge, ou de outros locais, merecem que as autoridades públicas esclareçam esse episódio e também se sua política de segurança ficará restrita a conchavos e conluios com "torcidas com CNPJ".

Não defendo nenhum ato de violência.

Em todo o período em que dirigi o Departamento de Futebol do Corinthians recebi críticas e mais críticas de todas as Organizadas, por isso, neste episódio, não tenho nenhum constrangimento em dizer que os maiores equivocados estão na Administração Pública.

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